Dicas para zelar pela saúde mental (sua e de pessoas queridas)

Confira as orientações do psicólogo João Batista Andrade para identificar e prevenir o suicídio

Todo mundo luta uma batalha diária. Mesmo que os desafios sejam diferentes, faz parte do ser humano, assim como sorrir e se sentir satisfeito, chorar e se sentir desesperançoso. Todos estamos sujeitos a desenvolver doenças como a depressão e  até mesmo a ter pensamentos suicidas. E entender isso faz toda a diferença. Superar o tabu do suicídio, falar abertamente sobre esses pensamentos, se colocar no lugar do outro e ouvir mais os amigos e familiares para incentivar a busca por atendimento com um profissional são as melhores saídas para uma sociedade que valoriza a vida.

Em 2019, segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) de Santa Catarina, Florianópolis ficou em terceiro lugar entre as cidades do estado com maior número de suicídios. E a cada ano, o mês de setembro vem para reforçar a necessidade de cuidar da saúde mental. Mas será que estamos fazendo o suficiente para mudar esse quadro?

O Setembro Amarelo vem para reforçar o autocuidado e o cuidado com o outro. Para o psicólogo João Batista Andrade “o Setembro Amarelo é um dos movimentos criados para dar visibilidade ao grito de socorro pela vida. Para valorizar a vida, é necessário, em determinadas circunstâncias, contemplar e valorizar a dor, o sofrimento da outra pessoa. Ou seja, quando valorizamos  a vida, nos dispomos a ajudá-la a procurar um meio de alívio ou de cura para os motivos que lhe tiram a vontade de viver, ao invés de julgá-la ou criticá-la.”

E se falar sobre suicídio permanece um tabu, se torna ainda mais importante abordar o tema. Não só em setembro, mas durante o ano todo é preciso estar alerta aos sinais. Fingir que doenças como a depressão não existem só piora o cenário, já cercado de preconceito. João Batista afirma que ainda existem muitos mitos e julgamentos em relação às pessoas que se suicidam. Ainda há pessoas que achem que seja sinal de falta de fé, de fraqueza ou egoísmo (que pensam acabar com suas dores, sem se importar com as pessoas que sofrem a sua morte).

“Na realidade, a grande maioria dos suicídios está relacionada com transtornos mentais, como: depressão, bipolaridade, dependência química, esquizofrenia, transtorno de personalidade, baixa autoestima. Tais transtornos mentais podem ser causados por: abuso sexual, maus tratos, disfunção familiar, uso de substâncias psicoativas, ansiedade, stress, decepções, desemprego, situação social e econômica, isolamento,  fatores genéticos, entre outros.”

João Batista Andrade, psicólogo

E, por não conhecermos a trajetória interna das pessoas, acabamos julgando e negligenciando sinais fundamentais para identificar e amparar pessoas com potencial suicida. Confira algumas dicas e lembretes para começar a dar mais atenção à saúde mental. A nossa e a quem está ao nosso lado.

Como atuar na prevenção ao suicídio de um ente querido?

  • Estar atento ao comportamento, fala, interação social;
  • Estar disposto a ouvir, sem julgamentos, mesmo que sejam palavras difíceis de serem ouvidas;
  • Fazer-se presente, procurando entender o que se passa com a pessoa que dá sinais de transtornos ou já foi diagnosticada com algum transtorno mental;
  • Incentivar, insistir, acompanhar a pessoa em consultas ao psicólogo e psiquiatra;
  • Entender e compreender a gravidade do momento que a pessoa está vivendo;
  • Certificar-se que a pessoa está tomando os medicamentos corretamente, quando receitados pelo psiquiatra.

Como evitar o próprio suicídio?

  • Dê tempo pra si mesmo. Faça uma promessa a si mesmo que você não cometerá suicídio por pelo menos 48 horas. O suicídio é uma solução permanente para um problema temporário e nas próximas 48 horas a melhor opção pode aparecer;
  • Deixe a sua casa segura. Quando os pensamentos suicidas estiverem intensos, peça alguém para esconder objetos perigosos. Ou, se possível, passe alguns dias na casa de alguém.
  • Não tente lidar com pensamentos e sentimentos suicidas sozinho. Converse com alguém de confiança. Se não tiver amigos ou familiares com quem possa conversar, há outras possibilidades. O CVV (Centro de Valorização da Vida) tem ajudado muitas pessoas. Ligue para 141 (atende todo o Brasil) ou ou chame pelo chat no www.cvv.org.br (diariamente, das 20 às 23 horas). O Centro de Valorização da vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, gratuitamente.
  • Procure ajuda profissional: Consulte um bom profissional da área da Psicologia e leve o tratamento à sério. Se necessário, ele irá encaminhá-lo  também para um profissional da Psiquiatria, a fim de complementar o tratamento com medicamentos. Lembre-se: apenas tomar medicamentos não será suficiente para o seu progresso emocional. É necessário conversar sobre  os motivos que geram os seus sentimentos e pensamentos suicidas.
  • Passe tempo com pessoas que não são críticas;
  • Faça uma lista: das coisas que você tem, das coisas que você ama; das coisas que você gosta de fazer, das pessoas que você poderá chamar quando estiver em um momento crítico. 

Para algumas pessoas, pensamentos suicidas podem desaparecer por completo e para outras esses pensamentos vêm e vão ao longo da vida. O importante é saber que é possível aprender a lidar com eles para poder viver uma vida feliz e saudável.

Texto feito com a contribuição do Dr. João Batista Andrade (Psicólogo – CRP 07/21124), especialista em Mediação Familiar e Saúde Mental pela Universidade de Burgos na Espanha; Psicanálise, segundo Lacan; Sexologia; Dependência Química. Atende crianças, adolescentes, adultos, idosos e família. Contato: (51) 99729-6022 / jbpsicologia@hotmail.com.

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